A Despedida

Diego Orge
1 min readJun 10, 2019

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A morte começa por dentro.
Primeiro, esfria o estômago
e não há fome ou sede.
O tempo delira pouco a pouco
ou, talvez sejam os espaçados
batimentos cardíacos,
pancadas no peito
ao longo dos anos surdos.
Hoje balança erraticamente,
uma dor tão longe
a não parecer ser mesmo minha.

A vista antes de escurecer clareia.
Rastro de pernas e braços,
a memória vaga
e não me movo.
Para o morto resta nada.

Ainda tenho algum tempo,
os olhos seguem abertos
mas inegavelmente morro. Penso.

Os dedos já não são meus e a língua.
Mas, ainda, a linguagem existe.

Sonhos são esquecidos na manhã seguinte
como eu hei de ser esquecido

Já não sou.
A vista turva de lágrimas,
não tem nem pensamento!
Secam por fim os olhos.
Uma última cena:

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Diego Orge
Diego Orge

Written by Diego Orge

Criador de mundos infinitesimais. Poeta. Existencialista. Ateísmo em prosa poética. d.orgefranco@gmail.com

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